sábado, dezembro 24, 2005

Feliz Natal

Desejo-vos um Feliz Natal junto da vossa Família
com Alegria, Amor e Paz!

«Pensa, porque no pensamento está o amor;
Ama, porque no amor está o sorriso;
Sorri porque no sorriso está a Vida e
Vive porque na Vida há quem goste muito de ti!»

sábado, dezembro 17, 2005

O Gelo do Isolamento


Encontro-me dentro de um cubo de gelo. Mal posso tocar as suas paredes que queimam a minha pele. Do tecto, descem colunas brancas, como estalactites de grutas. São colunas de discriminação, que não param de crescer. Os seus picos quase tocam o espelho do chão escorregadio… Felizmente, são quebráveis. Eu estilhaço-as com a minha armadura de ferro.

Este cubo de gelo é o meu refúgio de protecção, fui eu que o construí. É um pequeno espaço de segurança. Mas está a ser uma armadilha para a minha deterioração interior…

Todos os dias, passo algumas horas fechada neste cubo e tremo de solidão. Quando saio de lá e falo com alguém, a minha voz, entorpecida pelo congelamento, sai da minha boca a tropeçar… As palavras saem esburacadas, visivelmente feridas, queimadas pelo silêncio. Quando dou por isso, não me reconheço e fico bastante assustada… Nos meus tempos de estudante, não falava assim!

Basta! Não posso permitir que isto me aconteça… Quem vem salvar-me? Quem pode derreter estas paredes? Ninguém... Sou eu o fogo, eu é que tenho de o atiçar! Mas como? O sopro polar das paredes consome a minha combustão… Para me vencer, terei que expelir chamas como um dragão! Terei forças para isto?

Paro e escuto. Sim, escuto o meu interior. Os meus ritmos cardíacos dizem que o coração está disposto a voltar arder, a ser ele o fogo de dragão, por muito que me faça doer. Contudo… Só o lançará, se eu deixar! Ele diz que é altura derrubar tamanha solidão, de voltar a semear e regar flores de motivação, pois são elas que exalam perfume de força, um odor adocicado que me leva para um rumo certo.

O tempo é que o dirá…

quarta-feira, dezembro 14, 2005

A Invasão das Melgas

Numa noite, já bastante longínqua, estávamos todos a jantar ao ar livre, sob um céu pintalgado de estrelas. O cheiro das árvores e da terra aderia aos nossos corpos, assim todos exalávamos a essência da Natureza.

As nossas tendas pousavam no solo, ondulando-se ao sabor da brisa.

Os meus colegas, sentados ao longo de uma mesa rectangular, estavam envoltos no manto negro da noite, parecendo monges encapuçados. Deles se visualizava, apenas, a saliência das testas e os olhos vidrados, iluminados pelo luar.

Pelo arranhar de vozes nos meus ouvidos, os colegas conversavam. E eu, como não conseguia ver os seus lábios, tão escuros estavam, passei simplesmente a conversar com a minha comida, mastigando e engolindo.

Um colega, já de barriga cheia e satisfeito, pôs-se a falar comigo.

- Desculpa, mas não estou a perceber. Não vejo a boca!

Levantou a mão fazendo-me um sinal para eu esperar. Correu para um sítio e voltou com uma lanterna. Projectou, então, os focos luminosos aos seus lábios.

- Agora vês a minha boca?

- Sim. O que querias dizer-me?

Em poucos segundos, surgiu um furacão de melgas, atraídas pela luz projectada, expandindo desde a boca da lanterna aos lábios do colega. Ele, enquanto falava, teve de cuspir várias vezes para evitar engoli-las, até que…

-Aiiiiiiii………

Uivou, todo contorcido, de dor à imensidão dos montes imponentes, gritando aos saltos, gemendo aflito, até parecia que se estava a transformar num ser hediondo, como uma cena saída de um filme de terror!

Uma melga tinha aterrado acidentalmente no seu olho esquerdo! Numa tentativa de libertar-se das pestanas, fez algo que o magoou! O olho ficou vermelhíssimo, com veias raiadas de sangue, e inchado.

Como me senti? Enterrei-me no grito da vergonha e, também, da culpa! Após o sucedido, ninguém falou comigo...

Nunca mais me esqueci deste episódio que se ferrou bem dentro de mim como um casco de um cavalo, tinha eu 19 anos.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Os Saltos de Inspiração

O martelar das palavras, dentro de mim amontoadas num cofre linguístico do cérebro, não cessa… Saltam como pipocas dentro de uma panela. À medida que os dias passam e quando o tempo é escasso, o martelar torna-se insistente e barulhento, fazendo ecoar todo o meu corpo. São palavras que querem sair. É o grito do meu dom para a escrita. Este dom, que não se sabe de onde vem, fervilha em borbulhas, faz-me cócegas nos dedos, provocando-me para a escrita.
O meu mundo silencioso desespera por dançar, rir e chorar ao ritmo das teclas, vestir-se de palavras e, com elas, tornar-se visível.